quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A solidão necessária

Nesses dias resolvi mudar o caminho de ida ao trabalho. Apesar de tomar uma rota maior, a distância pôde ser amenizada pela verde e tranquila paisagem que margeia a PB-008. Diferentemente do usual percurso que costumo seguir pelo sufoco da BR-230 [via Viaduto Sorisal], o trajeto alternativo é livre de trânsito, barulho ou adversidades.


Dirigi serena, ouvia o reggae de amor e fé da Leões de Israel, e pensava no quanto as turbulências cotidianas nos privam de momentos como aqueles... de paz... reflexão... e [re]encontro consigo mesma! Num auto-diálogo, perguntava-me como os sonhos de outrora se 'metamorfosearam' nos de agora (?), se existia limite para as mudanças de pensamentos (?), quanto tempo eu deveria perder com determinados desafios (?),... tantas dúvidas, nenhuma resposta e apenas uma certeza: a solidão necessária.




Na companhia dela é possível encontrar verdades nem sempre bem aceitas, contradições que despertam os instintos travestidos de emoções mesquinhas, e [o que é melhor!] sem a exigência de ser racional. Perdida em divagações, eis que passo por onde havia um majestoso pé de oliveira, era parada obrigatória da molecada que ia e vinha do bairro dos Bancários à praia do Cabo Branco. Tantas vezes cruzei aquela trilha, ia em algazarra, toda arrumadinha, e voltava molhada, com sal de praia, cheia de areia. Sem cerimônia, desviávamos direto pr'aquela árvore que nos fornecia infindáveis frutos arroxeados e deliciosos que tinham o eterno gostinho de quero mais... huumm... cumprimentávamos e agradecíamos aquela tão generosa oferta...
 
Fim da rota! Ao chegar ao meu destino, sentia-me apenas satisfeita comigo mesma. Sem qualquer explicação, parecia que eu havia encontrado a solução para todas as questões... ou ela havia me encontrado?! Mais um belo dia de batente! Obrigada, Senhor!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Siga adiante ...


Tem comercial que é tão criativo que podemos considerar obra de arte. Literalmente! É o caso da peça publicitária do [excelente] whisky Johnnie Walker que tem chamado a atenção nos últimos dias: ®KEEP WALKING, BRAZIL.

De forma poética, o vídeo de 1 minuto apresenta uma estória cheia de significado cujo cenário é a cidade do Rio de Janeiro. Assista-o, leia o texto que descreve a lenda do seu personagem... e diga se não ficou uma perfeição! Parabéns a todos os profissionais envolvidos [que não foram poucos]!!!


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No início dos tempos, na parte sul das Américas, habitava um gigante. Um dos poucos que andavam sobre a Terra.
Gigante pela própria natureza, e sendo natureza ele próprio, era feito de rochas, terra e matas, que moldavam sua figura. Pássaros e bichos pousavam e viviam em seu corpo e rios corriam em suas veias. Era como um imenso pedaço de paisagem que andava e tinha vontade própria.
Caminhava com passadas vastas como vales e tinha a estatura de montanhas sobrepostas. Ao norte, em seu caminho, encontrava sol quente e brilhante nas quatro estações do ano. Ao sul, planaltos infindáveis. A oeste, planícies e terras cheias de diversidade. E a leste, quilômetros e quilômetros de praias onde o mar tocava a terra gentilmente, desde sempre. Havia também uma floresta como nenhuma outra no planeta. Tão grande, verde e viva que funcionava como o pulmão de todo o continente à sua volta.
Mesmo diante de tudo isso, um dia, enquanto caminhava, o gigante se inquietou.
Parou então à beira-mar e ali, entre as águas quentes do Atlântico e uma porção de terra que subia em morros, deitou-se. E, deitado nesse berço esplêndido, olhou para o céu azul acima se perguntando: "O que me faz gigante?".
Em seguida, imaginando respostas, caiu em sono profundo.
Por eras, que para os gigantes são horas, ele dormiu. Seu corpo gigantesco estirado, o joelho dobrado formando um grande monte, uma rocha imensa denunciando seu torso titânico e a cabeça indizível, coberta de árvores e limo.
Dormiu até se tornar lenda no mundo. Uma lenda que dizia que o futuro pertencia ao gigante, mas que ele nunca acordaria e que o futuro seria para ele sempre isso: futuro.
No entanto, com o passar do tempo ficou claro que nem mesmo as lendas devem dizer "nunca".
Depois de muito sonhar com a pergunta sobre si, o gigante finalmente despertou com a resposta.
Acordou, ergueu-se sobre a terra da qual era parte e ficou de frente para o horizonte.
Tirou então um dos pés do chão e, adentrando o mar, deu um primeiro passo.
Um passo decidido em direção ao mundo lá fora para encontrar seu destino.
Agora sabendo que o que o faz um gigante não é seu tamanho, mas o tamanho dos passos que dá.

®KEEP WALKING, BRAZIL.


Gostei da 'bajulação' ... afinal, deixamos de ser o tão aclamado país do futuro, para protagonizar entre as nações-estrelas ditas grandes potências. Ainda falta muito para alcançar nosso melhor: mais educação e saúde, menos corrupção e impunidade. Seguindo adiante, com certeza, chegaremos lá!!!

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Além dessa indicação, repasso a matéria do Jornal do Comércio de Pernambuco recomendada pela querida amiga Giselle: Reencontros.

Nela são rememoradas estórias sobre as vidas de nordestinos, numa narrativa que enaltece as batalhas cotidianas que passaram desde suas devidas apresentações de outrora. Nina, Deca, Pretinha, Marciano, Osmundo, dentre outros... Pessoas com histórias, sonhos, personalidades e decisões completamente diferentes mas que seguiram adiante, aprendendo com os tropeços e desafios, ensinando que desistir nunca foi opção. Ainda não terminei de ler todas, mas, aos poucos, vou incorporando a leitura acerca desses "gigantes pela própria natureza"...
 
Não vou me estender com divagações sobre a quantidade de caraminholas que têm me consumido após o contato com essas produções... deixo isso para os próximos debates, quem sabe até regados de um bom JW Label?! E aí, topa?

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PS: Obrigada, Gisa! Realmente continuo a me emocionar [e muito] com a vida!