quarta-feira, 17 de junho de 2009

Porto de Cabedelo: vamos gritar por um Calado! Calados????

Bom, mais uma vez aqui em minhas divagações sobre os fatos que ocorrem por aí me deparei, nos últimos dias, com a notícia de que estão sendo iniciadas licitações para dragagem do Porto de Cabedelo, "o porto mais oriental das américas" (pegando carona no slogan da cidade de João Pessoa, a qual pertence a região metropolitana).

Essa é mais uma das inúmeras obras do setor portuário brasileiro incentivadas pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal) através do Programa Nacional de Dragagem.

A obra consiste de ações de desassoreamento e derrocamento. Segundo o deputado Leonardo Gadelha (PSB): "O leito do rio será dragado, aumentando a profundidade, e também serão retiradas rochas, ampliando consideravelmente o calado do porto". Primeiramente, corrigindo o deputado, com todo o respeito, o Calado consiste na designação dada à profundidade a que se encontra o ponto mais baixo da quilha de uma embarcação, medindo verticalmente a partir de um ponto na superfície externa da quilha. Ou seja, não é um conceito referente ao Porto mas sim aos navios. O que será feito é o aprofundamento dos berços e do canal de acesso ao cais permitindo que sejam recebidos navios de médio a grande porte, que possuem calado de até 11 metros, numa primeira etapa, chegando aos seus 15 metros em futuras expansões.

As vantagens resultantes de tal obra são claras:

- autonomia econômica da Paraíba em relação a outros portos nordestinos de maior porte;
- assessoramento progressivo;
- aumento do porte e dimensão dos navios;
- segurança da navegação;
- crescimento da competitividade para o atracamento de embarcações;
- geração de emprego e renda;
- redução de custos em serviços e produtos distribuídos na região;

Até aí tudo bem: geração de empregos, guinada na arrecadação do estado, segurança e melhoria em obras públicas são algumas das promessas decorrentes de uma obra tão próspera!!!

Por outro lado, no caso da dragagem do Porto de Cabedelo, as consequências não estão sendo bem analisadas. Diferentemente de outros locais em que são feitos estudos de impacto ambiental por anos antes da obra além de diversas audiências públicas, na Paraíba isso não ocorreu (ou se ocorreu, foi na surdina, na "calada" da noite!):

- As obras do Porto de Santos, programadas para iniciar em Janeiro deste ano, seguiu o processo de licenciamento ambiental com a apresentação de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e um Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Dragagem de Aprofundamento do Canal de Navegação;

- Da mesma forma, ocorreu para diversos outros portos do Brasil, tais como: Porto de Itaguaí-RJ, Porto de Salvador-BA, Porto de Rio Grande-RS, entre outras.

O que me preocupa é que venhamos enfrentar problemas ambientais de enorme gravidade como os nossos vizinhos pernambucanos que passaram a enfrentar corriqueiros ataques de tubarão e prejuízo à pesca artesanal com a construção e posteriores dragagens dos portos de Recife e Suape. Em uma pesquisa intensiva conduzida pelo Departamento de Pesca da Universidade Federal Ruralde Pernambuco (UFRPE) sobre os tubarões na área, destaca-se:

(...)os resultados das pesquisas foram avaliados, tendo sido considerados os seguintes fatores como prováveis responsáveis pelo aumento no número de ataques:

a) Elevação do número de surfistas e banhistas na região.
b) A presença de pesca de arrasto de camarão, com rejeito, próximo às praias da área afetada.
c) A topografia submarina da região, caracterizada por um canal adjacente à praia.
d) Mudanças climáticas que têm influenciado os regimes de vento e precipitação nos anos recentes (ventos do sul mais fortes e muito menos chuva, durante o período dos ataques, particularmente em 1994).

E, por fim, o principal fator:

e) A construção do Porto de Suape ao sul de Recife, resultando em um grave impacto ambiental e um acentuado aumento no tráfego marítimo.

(...)

E acrescenta:

(...)
Os tubarões reconhecidamente costumam seguir grandes embarcações e navios, atraídos pelos restos de alimento e dejetos lançados por estes ao mar ou mesmo pelo som emitido pelo motor e pela hélice (Schultz, 1975; Baldridge, 1974). Esse comportamento explica em parte a rapidez e ferocidade com que costumam ocorrer os ataques de tubarão em casos de naufrágio ou a cetáceos arpoados (Costeau e Costeau, 1970). (...)

Notícias mais recentes mostraram que a draga (de lama) do Porto do Recife está atrapalhando os pescadores ao despejar resíduos e lixo próximo ao litoral.

Enfim, é imprescindível a realização de ações como essa para o desenvolvimento econômico e social como atuação do papel do Estado. No entanto, é fundamental que decisões dessa natureza sejam alinhadas com o que se denomina hoje de Responsabilidade Ambiental e Desenvolvimento Sustentável. O litoral paraibano é, ainda hoje, uma das costas mais bonitas e naturalmente protegida (por formações rochosas e barreiras de corais) do Brasil. Preservá-lo não é algo mais interessante a se fazer, mas necessário!!!


segunda-feira, 1 de junho de 2009

Festas Juninas: forró, quadrilha, fogueira, comida de milho, quentão, fogos....

"Vôti, iapoi", chegamos (rapidamente) ao mês de junho, e com ele vêem as festas juninas, manifestação mais típica e tradicional do meu querido nordeste brasileiro.

As festas religiosas do casamenteiro Santo Antônio(13), e dos que trazem chuva São João(24) e São Pedro(28) resgatam a devoção do sertanejo que aproveita as festividades para fazer mandinga e agradecer as chuvas que regam as lavouras.

"Meu povo não vá simbora/ Pela Itapemirim/ Pois mesmo perto do fim/ Nosso sertão tem melhora."

Em razão da boa época para a colheita do milho, as delícias feitas de milho integram a tradição, como a canjica e a pamonha. As festas são celebradas ainda com decoração de lindas bandeirolas coloridas; com o calor das enormes fogueiras; com as danças e brincandeiras (quadrilhas com casamento matuto e cheio de amalamanhado, pau de sebo, pescaria, ...); regadas a quentão e outras bebidas à base de meiota; e, é claro, ao som de muito forró, ou arrasta-pé, bate-chinela, fobó, forrobodó... arretado demais, abestado!!!

Lembro-me, nostálgica, da minha infância na casa de voinha em que tios, tias, primos e mais uma ruma de parentes em vários graus se reuniam dias antes da festa máxima de São João, cada um com seus afazeres: cortar madeira pra fogueira, descascar milho sem rasgar a palha, ralar (muito) côco, mexer tacho, enfeitar de bandeirinhas, convidar zabumbeiro e cia... enfim, um zumzumzum danado pra realizar a festança. Essa tradição familiar foi se perdendo com o tempo (infelizmente!). E dando espaço para as festas gigantes, com palcos e bandas, apresentações de centenas de quadrilhas, grandes "feiras" de artigos e comidas que fazem parte do cotidiano nordestino. Hoje, as festas juninas movimentam a economia da região.

Durante os anos em que morei em Campina Grande/PB faziamos bolão pra ver quem conseguia estar mais presente durante os 30 dias de forró do Parque do Povo. A palhoça do Zé Lagoa tinha rala-buxo de segunda a segunda:

Eu fui feliz, lá no Bodocongó,
Com meu barquinho, de um remo só,
Quando era lua, com meu bem, remava atoa,
Ai, ai, ai, que vida boa,
Lá no meu Bodocongó.

Bodó, bodó, bodó, bodó, congó,
Meus canário verde, ai meus curió,
Bodó, bodó, bodó, bodó, congó,
Minha Campina Grande, eu vivo aqui tão só !

Bodocongó,
Eu vivo aqui tão só !...
Eu vivo aqui tão só !...
Bodocongó.
(Bodocongó, Luiz Gonzaga)

Entitulado como O Maior São João do Mundo, Campina Grande continua sendo o destino principal de um "magote" de turistas que buscam conhecer um pouco dessa lambança. Lá tem trem do forró, tem a pirâmide, tem cidade cenográfica, centenas de atrações espalhadas entre palco principal e seus palhoções... é o pipôco!


Esse ano eu queria poder conhecer muitos outros locais dessa festa, mas acho que não vou poder ir pra nenhum porque tô atolada de coisa pra estudar... ô bizonhice! Mas ainda vou tentar dar uma escapulida pra um desses destinos:

>>> Caruaru/PE
>>> Bananeiras/PB
>>> Solânea/PB
>>> Patos/PB
>>> Aracaju/SE
>>> Recife/PE

Mesmo que num dê jeito pra eu viajar, ainda vai rolar o São João - o Melhor da Gente aqui em Jampa mesmo, então não tem escapatória...
Aproveite e escolha também o seu! As programações e atrações de cada local tão porreta demais!!! Meu Bravo e eu vamos estar na mundiça ao som de Gonzagão:

O candeeiro se apagou
O sanfoneiro cochilou
A sanfona não parou
E o forró continuou

Meu amor não vá simbora
Não vá simbora
Fique mais um bucadinho
Um bucadinho
Se você for seu nego chora
Seu nego chora
Vamos dançar mais um tiquinho
Mais um tiquinho
Quando eu entro numa farra
Num quero sair mais não
Vou inté quebrar a barra
E pegar o sol com a mão

E Viva São João!